O uso de hormônios é um passo essencial para que pessoas trans alinhem suas características físicas à sua identidade de gênero. Um estudo recente (Annals of Medicine 56.1, 2024), realizado por pesquisadoras/es da UNIFESP e da UFU, investigou os efeitos de um contraceptivo hormonal injetável amplamente utilizado pela população de travestis desde a década de 1970. A comunidade reconhece a eficácia desse medicamento nas modificações corporais, embora, devido ao preconceito médico, muitas usuárias mantinham o uso em segredo.

 

Com base nas experiências de mulheres trans brasileiras, o estudo avaliou a eficácia do hormônio e possíveis complicações associadas ao seu uso. Os resultados mostraram que 76% das participantes relataram maior satisfação com o desenvolvimento das mamas ao usar o medicamento comercialmente conhecido como PERLUTAN®, além de suas versões como DAIVA®, UNOCICLO® ou o hormônio genérico.

 

Através de uma análise farmacocinética de estudos realizados em mulheres cisgênero para contracepção, comparados com os dados obtidos de mulheres trans, os pesquisadores concluíram que a aplicação a cada três semanas seria o intervalo ideal para manter níveis adequados de estradiol. Esses achados sugerem que o medicamento, por ser injetável, acessível, de baixo custo e com aplicação a cada 21 dias, pode ser uma alternativa segura e eficaz para o processo de feminização corporal.